domingo, 22 de novembro de 2009

Experiência Própria




Á pedido das meninas do grupo, tenho algumas considerações pessoais sobre o tema "Gravidez na Adolescência", consideraçõs estas que explicam a minha adesão a este tema, entre tantos propostos para o projeto.
Com 15 anos encontrei-me em uma situação não muito curriqueira, menstruação atrasada, pressão da minha mãe que tinha um certo controle com as datas, e por fim a confirmação no teste: eu estava GRÀVIDA !
A repercussão entre a família foi a pior possível, já com a "galera" foi o máximo, todos adoraram a idéia de uma criança entre nós... Assim também para mim, na inocência dos meus 15 anos, acreditava que esta teria sido a melhor coisa do mundo!!! Mal sabia de todo o contexto que envolve o "ser mãe" e, em um contexto mais complexo: ser mãe enquanto adolescente.
Os primeiros meses foram encantadores, a mudança de casa, as mudanças no corpo, a possibilidade de ser responsável pelos meus atos, e até uma sensação de liberdade dava seus ares. Ao contrário de muitas meninas grávidas que conheci, não me apavorei, não chorei, não pensei jamais em não ter este filho, pelo contrário, queria e esperava muito a chegada dele!
As complicações começaram logo após o nascimento, de uma lida menina, linda e apaixonante, Stéphane, com certeza a razão da minha vida, dos meus objetivos, das minhas lutas...
Porém, com o nascimento da minha filha, a liberdade já não era a mesma, nem as responsabilidades, eu já não podia estudar, nem sair, pois tinha uma vida que dependia de mim, minhas amigas, a "galera", até achavam bonitinho quando ela estava entre nós, mas eu não podia sair á noite com ela, sendo assim todas iam, menos eu...
Também o tempo para as conversas e passeios já não era mais o mesmo, assim como os assuntos e as idéias não partiam mais dos mesmos princípios.
Esta fase foi difícil, aos poucos as pessoas da minha convivência e idade foram se afastando, seguindo seus caminhos, assim como eu na rotina diária de trocar fraldas, embalar o sono, cuidar da casa e todas as demais tarefas de uma mãe e dona de casa.
Penso que foi exatamente aí que pulei uma boa parte da minha vida, como se estivesse lendo um livro e de repente virasse várias páginas para continuar a leitura. Não sei o que poderia ter sido escrito nestas páginas, sei apenas que não as li, e nunca vou ter conhecimento de como teria sido a historia ...
Por outro lado, adquiri certos conhecimentos muito cedo, me tornei uma pessoa responsável, cresci e amadureci (na marra, diga-se de passagem). Com certeza isso me troxe muitos benefícios pessoais e até profissionais.
Mas, mais do que tudo isso, foi uma aprendizagem única e sempre que tenho a oportunidade de falar sobre o assunto, repito a mesma frase : aminha filha foi com certeza a melhor coisa da minha vida, mas isso poderia ter esperado para acontecer...
Hoje, passados quase 11 anos, tenho uma filha linda (foto), companheira de todas as horas a quem eu amo e me orgulho muito, mas não posso negar o orgulho que sinto em olhar para ela e ver todo o esforço, trabalho e abdicação que foi preciso até aqui e com certeza, daqui em diante...
Um abraço á todas, Fátima.


2 comentários:

  1. Fátima ao ler o teu depoimento me fez pensar que existem pessoas e pessoas e como tu mesmo disse existe um tempo para cada momento na vida.Já o teu foi antecipado e consegue demonstrar competência na criação da tua filha. Eu só posso te dizer que sinto muito orgulho em ser tua amiga por ser esta pessoa tão especial. Beijos!

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  2. Que lindo depoimento, mas esta realmente é uma situação complicada de se viver, não somente para a adolescente mas também para a família. Tem que existir toda uma adaptação a uma nova fase, a nova mudança. Colega, parabéns pela filha linda, e pela experiência incrível.

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